Creio que não existe nada de mais belo, de mais profundo, de mais simpático, de mais viril e de mais perfeito do que o Cristo; e eu digo a mim mesmo, com um amor cioso, que não existe e não pode existir. Mais do que isto: se alguém me provar que o Cristo está fora da verdade e que esta não se acha n'Ele, prefiro ficar com o Cristo a ficar com a verdade. (Dostoievski)

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30 de set. de 2007

Albert Cohen [1]

Vai aí o trecho que eu mais amo do livro Belle du Seigneur, de Albert Cohen. Não é um livro, é uma epifania. Um instante de delírio, de visão da Divindade, da Beleza. É sublime.

Acho que o melhor é quando se pode ler o original. As traduções ficam invariavelmente a dever. Infelizmente, o que temos para a língua portuguesa é uma tradução do francês para o português lusitano, o que é, de fato, desanimador. Creio que a tradução do francês para o português lusitano é a versão do livro de uma língua estrangeira para outra língua estrangeira. E imaginem Guimarães Rosa traduzido para o francês... "Nonada" seria o quê? Por isso Belle du Seigneur, acredito, perderia sua majestade traduzido para qualquer língua.

Quando li o livro chorei mais de uma vez, ri muitas outras, às vezes sentia o peso da angústia em minha alma, e parava, silenciosa, para digerir as palavras. Soube que a história será contada em filme. Após anos de negociação, a viúva de Albert Cohen, Bella Cohen, finalmente permitiu a filmagem. Já decidi, não vou ver. Sei que a visão do cineasta é sempre uma das visões possíveis. A cara dos atores não é, decerto, a que eu imaginei para os seres que habitam a obra. Então fico com o filme que eu mesma construí em minha memória.

Este pedaço está nas páginas 47-48, da publicação que eu possuo. É bem possível que o livro esteja à venda na FNAC e possa ser adquirido pela web, também.

" -- Au Ritz, un soir de destin, à la réception brésilienne, pour la première fois vue et aussitôt aimée, dit-il, et de nouveau ce fut le sourire noir où luisaient deux canines. Moi, pauvre vieux, à cette brillante réception? Comme domestique seulement, domestique au Ritz, servant des boissons aux ministres et aux ambassadeurs, la racaille de mes pareils d'autrefois, du temps où j'étais jeune et riche et puissant, le temps d'avant ma écheance et ma misère. En ce soir du Ritz, soir de destin, elle m'est apparue, noble parmi les ignobles apparue, redoutable de beauté, elle et moi et nul autre en la cohue des réussisseurs et des avides d'importances, mes pareils d'autrefois, nous deux seuls exilés, elle seule comme moi, et comme moi triste et méprisante et ne parlant à personne, seule amie d'elle même, et au premier battement de ses paupières je l'ai connue. C'était elle, l'inatandue et l'attendue, aussitôt élue en ce soir de destin, élue au premier battement de ces longs cils recourbés. Elle, Boukhara divine, heureuse Samarcande, broderie aux dessins délicats. Elle, c'est vous. (...) Les autres mettent des semaines et des mois pour arriver à aimer, et à aimer peu, et il leur faut des entretiens eu des goûts communs et des cristalisations. Moi, ce fut le temps d'un battement de paupières. Dites-moi fou, mais croyez-moi. Un battement de paupières, et elle me regarda sans me voir, et ce fut la gloire et le printemps et le soleil et la mer tiède et sa transparence près du rivage et ma jeunesse revenue, et le monde était né, et je sus que personne avant elle (...)"

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