Creio que não existe nada de mais belo, de mais profundo, de mais simpático, de mais viril e de mais perfeito do que o Cristo; e eu digo a mim mesmo, com um amor cioso, que não existe e não pode existir. Mais do que isto: se alguém me provar que o Cristo está fora da verdade e que esta não se acha n'Ele, prefiro ficar com o Cristo a ficar com a verdade. (Dostoievski)

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1 de out. de 2007

Outra do Davi Miranda...

Recebi há pouco por e-mail, do Davi Miranda, aluno do curso de Letras da UnB, lutador na Executiva Nacional dos Estudantes de Letras... pessoa investigativa e irriquieta, ligadíssimo em tudo o que diz respeito a Língua e Sociedade... Este rapaz esperto quer o meu depoimento, daqueles bons tempos em que o CALET ainda se chamava CALEL e eu fazia parte da ilustre diretoria da gestão Chão de Giz... Entre um parágrafo e outro do anteprojeto... ou do anti-projeto, como queiram, eu me lembro de que o Davi me chamou de "jurássica"...

Vai demorar mais, um pouco, esse depoimento, Davi...

: )

***

O estado em minúscula‏

De: Davi Miranda (surdocego@gmail.com)
Enviada: segunda-feira, 1 de outubro de 2007 19:00:07
Para: Sala Virtual de Letras (letras_unb@yahoogrupos.com.br)


Outra da vejinha. Essa é antiga, rolou em março deste ano.

Não sei quantos aqui já sabem, mas a revista mudou seu "Manual de Redação" e passou a grafar estado com letra minúscula, ignorando por questões ideológicas quaisquer orientações gramaticais a respeito. A alteração entrou em vigor (somente na revista) e foi explicada no editorial de 14/03, tomando todo o espaço da seção "Carta ao leitor":

"Se povo, sociedade, indivíduo, pessoa, liberdade, instituições, democracia, justiça, são escritas com minúscula, não há razão para escrever estado com maiúscula", justifica. "É uma deformação típica mas não exclusivamente brasileira".

Veja cita os casos francês e saxão – "État" e "state", respectivamente –, afirmando que "Estado", grafado desta maneira, "simboliza uma visão de mundo distorcida, de dependência do poder central, de fé cega e irracional na força superior de um ente capaz de conduzir os destinos de cada uma das pessoas". "Grafar estado é uma pequena contribuição de VEJA para a demolição da noção disfuncional de que se pode esperar tudo de um centralismo provedor", diz a "Carta". "A tentativa é refletir uma dimensão mais equilibrada da vida em sociedade".

Confira abaixo a tal carta na íntegra, publicada na edição de 14/03/07:

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Uma questão de estado

A partir desta edição VEJA passará a grafar a palavra estado com letra minúscula. Se povo, sociedade, indivíduo, pessoa, liberdade, instituições, democracia, justiça são escritas com minúscula, não há razão para escrever estado com maiúscula. Os dicionaristas aconselham o uso de capitular quando a palavra for usada na acepção de "nação politicamente organizada", como prescreve o Aurélio. Seu rival Houaiss também assevera que estado nesse sentido se grafa com maiúscula. Vale a pena contrariá-los.

Escrever estado com inicial maiúscula, quando cidadão ou contribuinte vão assim mesmo, em minúsculas, é uma deformação típica mas não exclusivamente brasileira. Os franceses, estado-dependentes, adoradores de seu generoso cofre nacional, escrevem "État". Os povos de língua inglesa, generalizando, esperam do estado a distribuição equânime da justiça, o respeito a contratos e à propriedade e a defesa das fronteiras. Mas não consideram uma dádiva do estado o direito à boa vida material sem esforço. Grafam "state".

Com maiúscula, estado simboliza uma visão de mundo distorcida, de dependência do poder central, de fé cega e irracional na força superior de um ente capaz de conduzir os destinos de cada uma das pessoas. O escocês Adam Smith (1723-1790) nunca escreveu a palavra capitalismo. O inglês Thomas Hobbes (1588-1679) não utilizou a palavra estado. Ambos, porém, são associados a esses termos. Smith, autor de A Riqueza das Nações, como o primeiro pensador a explicar o funcionamento da economia capitalista. Hobbes, com seu Leviatã, como pioneiro na denúncia do estado pantagruélico. Foi, na verdade, defensor de uma instituição capaz de livrar a sociedade do estado permanente de guerra entre os indivíduos, uma "entidade soberana" – em minúsculas, recomendava Hobbes, que escrevia Lei sempre com capitular.

Grafar estado é uma pequena contribuição de VEJA para a demolição da noção disfuncional de que se pode esperar tudo de um centralismo provedor. Em inglês grafa-se "Eu" sempre em maiúscula, na entronização simbólica do indivíduo. Não o faremos. Nem vamos tirar a capitular da palavra Deus. A tentativa é refletir uma dimensão mais equilibrada da vida em sociedade, como a proposta pelo poeta francês Paul Valéry (1871-1945): 'Se o estado é forte, esmaga-nos. Se é fraco, perecemos'. "
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Só uma dúvida: como esse tal poeta citado, Paul Valéry, grafava "estado", com maiúscula ou minúscula?

E se, como a carta diz, "se povo, sociedade, indivíduo, pessoa, liberdade, instituições, democracia, justiça são escritas com minúscula..." então porque eles fazem sempre questão de grafarem (como se pode observar nesta carta) o nome da própria revista toda em CAIXA ALTA?

Só de pirraça, a partir de hoje só cito a revista com o nome todo em letra minúscula. Bem minusculazinha mesmo. Assim: veja. Viu?


-- Abraço com maiúscula,

Davi

Quero viver até o fim o que me cabe. Maiakovski

***

NOTA: A revista veja (Aderi, aderi! Agora tudo em caixa baixa, baixíssima!), em pouco tempo, passará a grafar capitalismo, direita, conservadorismo, multinacionais, oligopólio, capital privado em CAIXA ALTA: Assim, leremos: CAPITALISMO, DIREITA, CONSERVADORISMO, MULTINACIONAIS, OLIGOPÓLIO, CAPITAL PRIVADO...

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