Creio que não existe nada de mais belo, de mais profundo, de mais simpático, de mais viril e de mais perfeito do que o Cristo; e eu digo a mim mesmo, com um amor cioso, que não existe e não pode existir. Mais do que isto: se alguém me provar que o Cristo está fora da verdade e que esta não se acha n'Ele, prefiro ficar com o Cristo a ficar com a verdade. (Dostoievski)

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17 de abr. de 2008

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No discurso pictórico, no desenho, ou no discurso verbal, a credibilidade das representações está submetida à densidade das conexões estabelecidas entre as figuras. Multiplicando os procedimentos de integração delas, o discurso cria mecanismos de referencialização interna, como a iteração semântica, a debreagem entre unidades discursivas, as anáforas, que poderão chegar a produzir o efeito de iconicidade. A realidade não é mais o objeto, mas a transfiguração que sofre no contato com o sujeito.
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Nesse percurso de produção de sentido, que se faz de etapas de concretização da figuratividade fundadora e de etapas lógicas de relações entre sujeitos e entre sujeitos e objetos, há um momento especialmente díficil de analisar, que é o momento da enunciação. Difícil porque se trata de analisar algo na imperfeição do que o enuncia. Difícil porque acolhe um sujeito que são dois e que ainda não são pessoas, mas promessas de existência concreta. Difícil porque se corre o risco de preencher essas categorias e esses enunciados com intuições de intencionalidades e adivinhações de propósitos.
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Parece-me, entretanto, que a semiótica de base greimasiana que adotamos, não como crença, mas como direção de um pensamento teórico, oferece bom caminho para a análise do ato enunciativo, caminho ainda em elaboração, extremamente fértil e inquietante. Escapando do domínio lingüístico em que a enunciação foi pensada, trata-se agora de formular esta reflexão do ponto de vista de uma semiótica geral. Os sistemas semi-simbólicos são lugares extremamente estimulante para a observação de enunciados que, despovoados da materialidade lingüística, podem mudar a direção do percurso de observação do analista, levando-o à enunciação pressuposta logicamente por enunciados de materialidade não-verbal, e daí ao encontro de formulações teóricas válidas no âmbito de uma teoria geral.
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Ora, penso eu que a grande beleza teórica da semiótica está em dois movimentos de expansão, contidos por uma tensão teórica fundadora. um movimento expansivo é o da sua pretensão, a pretensão estimuladora de toda ciência de querer abarcar na sua totalidade o recorte produzido no objeto observado. A semiótica pretende construir-se como "a teoria de todas as linguagens e de todos os sistemas de significação" (A. J. Greimas, Du Sens, Paris, Seuil, 1975) (...).
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TEIXEIRA, Lucia, A práxis enunciativa num auto-retrato de Tarsila do Amaral, DE OLIVEIRA, Ana Cláudia (org.), Semiótica Plástica, São Paulo, Hacker Editores, ano não conhecido, pp. 229-242

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