Creio que não existe nada de mais belo, de mais profundo, de mais simpático, de mais viril e de mais perfeito do que o Cristo; e eu digo a mim mesmo, com um amor cioso, que não existe e não pode existir. Mais do que isto: se alguém me provar que o Cristo está fora da verdade e que esta não se acha n'Ele, prefiro ficar com o Cristo a ficar com a verdade. (Dostoievski)

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8 de jan. de 2014

a crítica selvagem e a selvageria acrítica

Sim, gente, tudo bem. O homem tem uns textos interessantes. Não li os livros porque achei alguns de uma chatice ímpar. Como diz Jorge Luis Borges, citando Montaigne: "eu diria que a literatura é [...] uma forma de alegria. Se lemos algo com dificuldade, o autor fracassou. Por isso, acho que um escritor como Joyce fracassou, em sua essência, já que sua obra requer esforço para ser lida. Um livro não deve exigir esforço: a felicidade não deve exigir esforço". 

E quando eu digo chatice não quero dizer "complexidade". Quero dizer chatice, mesmo. Já li muito livro "complexo", de raciocínio bastante elaborado, de Filosofia da Linguagem, Linguística, Semiótica. E penso que quase todos eram apaixonantes, interessantes, instigantes como enigmas prontos a serem desvendados. Mas os livros desse senhor me parecem chatos mesmo, com uma certa pretensão àquilo que eu chamo de "profundidez", uma mistura de profundidade com sordidez intelectual. Sim, ele escreve textos bons, de vez em quando. Reconheço sem nenhum problema. Mas alguns outros são chatos. Só isso, chatos. 

E tenho dificuldade para engolir a figura sempre fumando, nos vídeos, e declamando amorosamente três palavrões em cada cinco vocábulos de uma oração. Não, não dá. Não acho engraçado, não amenizo, não busco a compensação: "Ah, ele fala palavrão, mas em compensação..." Não, não há compensação nenhuma. Uma pessoa que não consegue se expressar com o mínimo de compostura não compensa. Volto a preservar a face: sim, ele tem ideias com as quais eu concordo. Sim, ele escreve coisas muito boas. Sim, ele deve ser inteligente. Mas agora volto à carga: não, eu não tenho a menor paciência pra ouvir os maravilhosos programas nos quais ele mostra sua superior superioridade sobre todos os demais mortais que não pensam como ele. "Ah, então você é de esquerda!" Não, não sou. Eu sou é independente de grupos. Eu penso com o meu próprio cérebro. Eu não tenho necessidade de me afirmar admirando fulano, beltrano e sei lá mais quem. Já saí da adolescência, então a turma não é, digamos, uma necessidade. Não penso em bloco. Não faço parte de escola de samba. Então não tenho medo de fazer crítica a ninguém. A ninguém, certo? Porque para mim só há um Deus (e até Ele sabe que de vez em quando eu reclamo do que Ele anda fazendo, com todo o respeito). Mais: não gosto de astrologia, não gosto de islamismo, não gosto de palavrão, não sou católica (com todo o respeito). Então só por aí há divergências. E ponto. 

Também não aprovo o tom bastante arrogante (mas esse não é um privilégio dele, somente) com que se expressa. Toda crítica que faz é arrogante, é feita num tom próprio de quem deseja não apenas criticar, mas escarnecer. De quem pretende não só expor suas ideias, mas precisa humilhar o adversário para que elas sejam validadas. Não gosto do tom histriônico, quase histérico, com que afirma suas certezas. Não aprovo o desprezo com que fala de seus opositores. Aliás, o desprezo com que fala do Brasil e dos brasileiros. É o que eu digo sempre: senhor gênio, por que ainda não dá aulas em Oxford, a fim de abandonar de vez esses pobres selvagens que jamais estarão à altura de seu brilhantismo intelectual? Mas não: é daqui que o gênio sagaz tira seu sustento. Vende seus livros no Brasil. Seus programas são vistos aqui. Seus artigos são publicados em jornal brasileiro. Seus alunos, que pagam um preço alto para fazer seus cursos de Filosofia, saem daqui.

Relutei em escrever este texto. Conheço pessoas que concordam comigo em muito do que eu disse, mas não ousam criticá-lo. Eu não ousei nominá-lo. Todos sabem que o senhor tem uma torcida organizada, fãs ardorosos, alunos aplicados e uma tropa de choque fiel. Criticá-lo pode significar perder amizades virtuais, receber o desprezo de muitos e a incompreensão de outros tantos. Mas, que me entendam, não se trata de uma questão emocional. Faço uma crítica sincera e pondero, reconhecendo tanto as qualidades inegáveis de seu trabalho quanto seus defeitos crônicos. Se alguém que me lê agora realmente não é um idiota, deve compreender.

Por fim, meu apelo. Senhor, se tem certeza de que está certo, fale calmamente, decorosamente, respeitosamente. Não insulte o outro. Use a ironia na boa medida -- assim como ela pode ser uma aliada, pode também se tornar uma inimiga impiedosa. Mas agora entro particularmente na questão do estilo literário, e não tenho paciência para fazer essa análise neste momento. Já deu. Ah, sim: quanto ao cigarro, de que falei logo acima. É certo, o fumo faz mal e deixa a pessoa fedendo, e sei disso porque já fumei. Mas isso não é problema meu.

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